Ao compasso
o piano marca compassos suaves
na rudeza das mãos a harmonia das notas
quebrada no espaço por sons graves
lá fora a tempestade chora sobre as pedras do chão
raios trovões uma nocturna solidão
um vulto de mulher emerge da noite
pára sob a luz de um candeeiro
parece esperar alguém…
as mãos sobre o piano tocam agora para ela
a chuva encharca a angústia do momento
um breve momento de marcas profundas
os olhos não pestanejam só olham a janela
as mãos não acenam percorrem tristes as teclas do piano
choram uma melodia nostálgica às lágrimas daquela mulher
que se desfazem no chão
o piano
a janela
a noite
alguém que não vem
o cenário perfeito na brevidade de uma canção
quando o piano toca à janela um doce presságio
notas suaves despidas de ilusão
não há consolo não há salvação
é vida ao sabor da melodia de um naufrágio
depois deste momento
o que vai ser de ti?
o que vai ser de mim?
o que vai ser de nós?
sempre que o piano tocar à janela
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