
...Há vinte e sete anos
DANÇA
Tenta descobrir qual o tango que as pessoas dançam. O oprimido já é oprimido
mesmo antes de atrair o opressor.E o opressor já o é antes de atrair o oprimido.
Quando eles se atraem, para quem vê de fora, parece incrível, como aquela
pessoa pode oprimir tanto a outra. Mas não é bem assim. Eles encaixam e
dançam o tango.
E (como vocês dizem) o tango só pode ser dançado a dois. Ninguém consegue
dançar o tango sozinho. É só perceber a lógica de cada um. Em cada duas
pessoas, há sempre áreas que convergem e áreas que divergem. Fará parte do
livre-arbítrio e da memória de ambos escolherem a área boa, a área que tem luz,
para partilharem esta vida.
Mas podem escolher a área densa que os une. E multiplicá-la até à exaustão. A
escolha é de cada um. Se conseguires compreender os pólos de cada um, se
conseguires desvendar o «tango» que cada um dança, depois basta desmontar
essa falácia.
Quando cada um perceber que encaixa na memória kármica do outro, e que
pode escolher sair de lá, pode acontecer, pode mesmo acontecer que consigam
os dois ganhar consciência e sair de lá de mãos dadas.
Alexandra Solnado
A estupidez coloca-se na primeira fila para ser vista; a inteligência coloca-se na rectaguarda para ver.
Bertrand RussellIngratidão é uma forma de fraqueza. Jamais conheci homem de valor que fosse ingrato.
Johann GoetheNossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez.
Thomas EdisonAo Outono que vai chegar
doí-me a saudade deste estio que parte
no esmorecer das tardes
que se aninham na noite, até ao madrugar
deste outono que vai chegar
nos dias que se encurtam em pálidos raios de sol
... de tons salpicados de nostalgia
flor menina que desabrochou na primavera
em pétalas de seda na sesta do meu sono,
esmorece no outono despindo-se na rua
perfumando o ar de castanhas e cachos
nos cestos das meninas
que cantam nas vindimas no pisar das uvas no lagar de pedra granítica leito do vinho doce
que se veste de rubi nas pés dos moços
vinho mosto que se bebe por gosto
vapores d"ópio num dolente cantar timbrado d"um outono
em oscios de jasmim em neblinas de morfina
cantam trovas ás doces meninas! que se fazem sereias
no fundo do lagar refletidas no luar deste dolente cantar
embriagados num palácio de sonho
adormecem a cantar este o outono que vai chegar
em pálidos raios de sol salpicados de nostalgia:
em noites de luar...
pub Uky Marques
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